Nos bastidores da noite amazonense, onde as luzes dos palcos brilham e as músicas embalam encontros e celebrações, existe uma realidade obscura que precisa ser exposta: a humilhação e exploração enfrentadas pelos músicos que se apresentam em bares, pubs e casas de shows. Esses artistas, que dedicam suas vidas ao ofício de entreter e emocionar, muitas vezes são submetidos a condições indignas de trabalho, que vão desde a cobrança pela água que bebem até a ausência de repasse do tão falado cover artístico.
Água de Gelo Duvidoso: Uma Realidade Cruel
Imagine estar sob refletores, cantando ou tocando por horas, sentindo a garganta seca e o corpo exaurido pelo esforço. Para muitos músicos, essa situação é agravada pelo fato de que, em inúmeras casas, até mesmo a água para saciar a sede é cobrada. A única alternativa “gratuita” que algumas casas oferecem é uma jarra com água e gelo, cujo gelo, pasmem, é o mesmo utilizado para gelar bebidas e muitas vezes misturado a uma água de procedência duvidosa. Essa prática, além de desumana, coloca a saúde dos músicos em risco.
Perguntamos: como é possível que um ambiente que lucra com o talento desses artistas não tenha a decência de oferecer algo tão básico quanto água potável de qualidade?
O Cover Artístico Que Não Chega
Outra prática vergonhosa que tem se tornado comum é a não distribuição do cover artístico. Esse valor, cobrado dos clientes como forma de remuneração para os músicos, deveria ser repassado integralmente a quem se apresenta. No entanto, muitas casas simplesmente embolsam esse dinheiro ou alegam “despesas operacionais” para justificar o desvio, deixando o músico sem o devido pagamento por seu trabalho.
Isso é mais do que desonestidade: é exploração. Enquanto o artista coloca sua alma no palco, garantindo a animação e, muitas vezes, o retorno do público ao local, os donos de estabelecimentos lucram sem dividir o que é justo. Essa dinâmica perpetua uma relação abusiva, onde o talento e o esforço do músico são tratados como descartáveis.
Horas de Trabalho Sem Reconhecimento
Para piorar, os músicos frequentemente são forçados a tocar sets intermináveis de 3 ou até 4 horas. Muitos aceitam essas condições por pura necessidade, cientes de que, se recusarem, há sempre outro disposto a aceitar. Mas será que isso justifica tamanha exploração? Quem enche as casas não é apenas o local em si, mas a atração que ele oferece. São os músicos que atraem público, fidelizam clientes e dão vida aos bares e pubs.
O Apelo do Cacique
É hora de repensarmos o tratamento dado aos músicos. É inadmissível que, em pleno século 21, profissionais da música, responsáveis por criar experiências memoráveis, ainda sejam tratados com tanto descaso. Pedimos ao público: valorize os artistas. Questione práticas abusivas. Cobrar água e não repassar o cover artístico não é só uma falta de ética, é um desrespeito ao que esses profissionais representam.
E aos proprietários de casas de shows: lembrem-se de que o sucesso de seus negócios passa diretamente pelo talento daqueles que sobem em seus palcos. Tratem os músicos com a dignidade que eles merecem. Água potável, pagamento justo e respeito não são favores; são obrigações.
O Cacique seguirá em sua missão de trazer à tona as injustiças e cobrar mudanças. Porque, enquanto houver uma voz sendo calada ou explorada, nós estaremos aqui para amplificá-la