De acordo com informações do manual do fabricante e do próprio aeroporto, o avião Cessna Citation que sofreu um acidente em Ubatuba nesta quinta-feira (9) necessitaria de uma pista mais longa do que a disponível no local para realizar o pouso com segurança.

A aeronave, registrada sob o prefixo PR-GFS, ultrapassou os limites da pista do aeroporto de Ubatuba, no litoral paulista, vindo a explodir na praia do Cruzeiro. O piloto faleceu no acidente, enquanto os quatro passageiros — um casal e seus dois filhos — foram resgatados com vida.

As causas do acidente ainda estão sob investigação pelo Cenipa, órgão responsável pela apuração de acidentes aeronáuticos no Brasil.

Dados sobre a pista e o avião:

• A pista do aeroporto de Ubatuba possui uma extensão oficial de 940 metros, mas apenas 560 metros estavam disponíveis na direção utilizada pelo avião para pousar. Isso ocorre porque os primeiros 380 metros da pista 09, que se direciona ao mar, estão interditados para pousos, conforme descrito nas especificações da Aeronáutica e confirmado pela concessionária do aeroporto.
• O manual do modelo Cessna Citation C525 indica que, em condições de pista molhada, o avião necessitaria entre 838 metros (no menor peso possível) e 1.097 metros (no peso máximo permitido para pouso) para parar completamente. Mesmo nas melhores condições possíveis para um pouso, o avião precisaria de ao menos 685 metros — ainda insuficiente para os 560 metros disponíveis no aeroporto.
• Para determinar se uma pista é adequada para o pouso, são considerados fatores como peso da aeronave, temperatura, pressão atmosférica, vento e condição da pista (seca ou molhada). Em pistas molhadas, o comprimento necessário para a frenagem aumenta significativamente.

O incidente destaca a importância de considerar todos os fatores operacionais e ambientais durante a análise de viabilidade de um pouso em pistas menores. As investigações em andamento pelo Cenipa devem esclarecer os fatores que contribuíram para o acidente.