Condenado pelo STF a mais de oito anos de prisão, Fernando Collor foi detido em Maceió em desdobramento da Operação Lava Jato.
Em um desfecho marcante para um dos capítulos mais controversos da política brasileira, Fernando Collor preso na madrugada desta sexta-feira, 25 de abril de 2025, em Maceió, Alagoas, tornou-se notícia de destaque no Brasil. O ex-presidente da República, condenado em 2023 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, foi detido após decisão do ministro Alexandre de Moraes. A prisão, que ocorreu às 4h, segundo o advogado de Collor, marca o início do cumprimento da pena em regime fechado, relacionada a um esquema de propinas na BR Distribuidora, investigado pela Operação Lava Jato.

A detenção de Collor, um dos políticos mais influentes do Brasil nas últimas décadas, reacende debates sobre corrupção, impunidade e o legado da Lava Jato. Este artigo explora os detalhes do caso, o contexto histórico, as reações públicas e o impacto político dessa prisão, utilizando informações de fontes confiáveis para oferecer uma visão completa e atualizada.
O Caso que Levou Fernando Collor Preso
Condenação por Corrupção e Lavagem de Dinheiro
O ex-presidente Fernando Collor preso é resultado de um processo que começou em 2015, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o político por envolvimento em um esquema de corrupção na BR Distribuidora, antiga subsidiária da Petrobras. Segundo as investigações, entre 2010 e 2014, Collor teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas para facilitar contratos entre a BR Distribuidora e a construtora UTC Engenharia. Esses recursos, conforme apontado pelo STF, foram lavados por meio de depósitos em contas de empresas ligadas ao ex-senador, com a ajuda de operadores como Luís Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi.
Em maio de 2023, após um julgamento que durou sete sessões, o STF condenou Collor por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, fixando a pena em oito anos e dez meses de prisão, além de 90 dias-multa. A decisão, liderada pelo relator Edson Fachin e respaldada por oito dos dez ministros, destacou a gravidade do esquema, que envolveu influência política para nomeações estratégicas na estatal. Apesar de tentativas da defesa de reduzir a pena ou questionar a competência do STF após Collor perder o foro privilegiado em 2022, os recursos foram rejeitados, culminando na ordem de prisão de Moraes.
A Prisão em Maceió
A prisão de Fernando Collor preso ocorreu de forma inesperada no aeroporto de Maceió, quando o ex-presidente se preparava para embarcar para Brasília, onde pretendia se entregar voluntariamente à Polícia Federal. Segundo a defesa, a detenção foi realizada às 4h por agentes da PF, que cumpriram a ordem imediata do STF. “O ex-presidente Fernando Collor de Mello encontra-se custodiado na Superintendência da Polícia Federal na capital alagoana. São estas as informações que temos até o momento”, informou a nota oficial da defesa.
A decisão de Moraes, tomada na quinta-feira, 24 de abril, negou os últimos embargos de declaração apresentados pela defesa, que buscavam esclarecimentos sobre o acórdão e uma possível redução da pena. O ministro considerou os recursos “meramente protelatórios”, autorizando o início imediato do cumprimento da pena. A ordem será analisada pelo plenário do STF em sessão virtual nesta sexta-feira, mas a prisão permanece em vigor.
Contexto Histórico: Quem é Fernando Collor?
De Presidente a Condenado
Fernando Collor de Mello, hoje com 75 anos, é uma figura emblemática na política brasileira. Eleito presidente em 1989, tornou-se o chefe de Estado mais jovem do país, com apenas 40 anos. Seu governo, marcado por medidas como o confisco da poupança e denúncias de corrupção, terminou em 1992 com um impeachment histórico, após acusações de tráfico de influência envolvendo seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. Apesar de absolvido pelo STF em 1994 por falta de provas, o episódio manchou sua trajetória.
Após o impeachment, Collor retornou à política como senador por Alagoas entre 2007 e 2023. Em 2022, tentou, sem sucesso, o governo estadual. Herdeiro de uma influente família alagoana, sua carreira sempre foi marcada por polêmicas, mas a condenação na Lava Jato representa o maior revés judicial de sua vida pública.
A Operação Lava Jato e o Petrolão
O caso que levou Fernando Collor preso é um desdobramento da Operação Lava Jato, que revelou um vasto esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e suas subsidiárias. A BR Distribuidora, foco da denúncia contra Collor, foi utilizada para desviar recursos por meio de contratos superfaturados. A delação premiada de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, foi crucial para embasar as acusações, embora a defesa de Collor tenha questionado a validade das provas, alegando que se baseavam apenas em depoimentos de delatores.
Reações e Impacto Político
Repercussão na Sociedade e na Política
A notícia de Fernando Collor preso gerou ampla repercussão nas redes sociais e na imprensa. Posts no X, como o do perfil @Metropoles, destacaram a prisão como um marco na luta contra a corrupção, enquanto outros, como o de @jose_neumanne, criticaram a seletividade do STF, que anulou condenações de outros políticos da Lava Jato, como o ex-presidente Lula. O debate reflete a polarização em torno da operação e da atuação do Judiciário.
Politicamente, a prisão de Collor reforça o impacto duradouro da Lava Jato, apesar de sua desmoralização em alguns setores. Para analistas, o caso pode reacender discussões sobre a responsabilização de figuras públicas, mas também levanta questões sobre a consistência das decisões judiciais em casos de corrupção.
Outros Condenados no Caso
Além de Collor, os empresários Luís Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi também foram condenados. Amorim cumprirá penas restritivas de direitos, enquanto Bergamaschi foi sentenciado a quatro anos e um mês em regime semiaberto. A prescrição do crime de associação criminosa, devido à idade de Collor (acima de 70 anos), reduziu o escopo das punições.
O Futuro de Collor e o Legado do Caso
Com Fernando Collor preso, o ex-presidente enfrenta agora o desafio de cumprir sua pena em regime fechado. A defesa ainda pode apresentar novos recursos, mas a jurisprudência do STF indica que, após o trânsito em julgado, as chances de reversão são mínimas. O caso também serve como um lembrete do alcance da Lava Jato, que, apesar de críticas, resultou em condenações de figuras de alto escalão.
Para o Brasil, a prisão de Collor é um marco na luta contra a impunidade, mas também um convite à reflexão sobre a necessidade de reformas institucionais para prevenir a corrupção. Enquanto o ex-presidente enfrenta as consequências de seus atos, a sociedade brasileira segue acompanhando os desdobramentos desse caso histórico.
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