A United Grand Lodge of England reafirma seu papel ético e filantrópico diante das críticas públicas e defende os direitos de seus membros contra medidas que violam liberdades fundamentais.

A Maçonaria britânica, representada principalmente pela United Grand Lodge of England (UGLE), tem enfrentado nas últimas semanas um ataque duplo: críticas veiculadas na imprensa sobre sua relevância e transparência, e uma proposta da Polícia Metropolitana (Met) de Londres para obrigar seus oficiais a declararem sua filiação maçônica. Em ambas situações, a Maçonaria respondeu prontamente, defendendo seus valores centrais — integridade, respeito, serviço e amizade — bem como seu compromisso com a boa conduta, a beneficência e os direitos fundamentais.
O Que a Maçonaria Realmente é: Valores Claros e Ações Concretas
Princípios Fundamentais
A UGLE e as Lojas maçônicas no Reino Unido sustentam que a Maçonaria não é uma organização política nem religiosa, embora acolha pessoas de todas as crenças. Uma de suas bases é justamente a pluralidade religiosa, cultural e de pensamento. Não há exigência de crença religiosa específica além de alguma crença em algo maior, e absolutamente há membros católicos, muçulmanos, judeus, agnósticos, entre outros.
Os princípios mais citados pelas jurisdições maçônicas britânicas incluem integridade, amizade, respeito e serviço. Estes valores não ficam no plano simbólico, mas se traduzem em ações comunitárias e projetos sociais.
Filantropia e Impacto Social
A Maçonaria não apenas prega o serviço ao próximo, mas investe recursos e tempo em programas concretos. Alguns exemplos:
- A Masonic Charitable Foundation (MCF), ligada à UGLE, já concedeu cerca de £50 milhões em subsídios a organizações nacionais e locais desde 2016.
- Durante a pandemia da COVID‑19, a fundação e membros maçônicos mobilizaram auxílio financeiro e de voluntariado, com mais de £3,6 milhões destinados a iniciativas de socorro.
- O trabalho voluntário se estende a muitas frentes: ambulâncias comunitárias, bancos de sangue locais, resposta a desastres naturais, apoio a lares e famílias carentes.
Estes dados mostram uma Maçonaria ativa, presente e comprometida com o bem público, não enclausurada em rituais secretos ou especulações conspiratórias.
O Debate sobre a Declaração Obrigatória: Argumentos da Maçonaria e Limites Legais
Posicionamento da UGLE
- Privacidade e liberdade de associação: A UGLE afirma que impor uma declaração obrigatória genérica de filiação maçônica por agentes da polícia viola direitos fundamentais protegidos pela lei britânica e pelos tratados internacionais, especialmente o direito à privacidade (Artigo 8) e o direito de associação livre (Artigo 11) da Human Rights Act e da Convenção Europeia de Direitos Humanos.
- Declaração somente quando pertinente: A Maçonaria reconhece que, em alguns casos, uma associação pode criar a percepção de conflito de interesses, e que políticas de transparência são importantes. No entanto, defende que a filiação só seja declarada quando exista uma obrigação legítima para com o cargo ou função (por exemplo, em investigações específicas, promoções, ou supervisão disciplinar). Uma declaração obrigatória universal, sem discriminação, é vista como desproporcional.
- Sanções e conduta: Qualquer uso da filiação maçônica para ganho pessoal ou favorecimento indevido está estritamente proibido internamente, sob risco de sanções disciplinares severas, inclusive expulsão. A UGLE enfatiza que tais casos são exceção, não regra, e que há regras claras nesse sentido.
Direito e Proporcionalidade
- A legislação britânica, e os princípios do Human Rights Act (1998), prevêem que restrições aos direitos — como associação livre — só são legítimas se prescritas por lei, necessárias em uma sociedade democrática, e proporcionais ao objetivo pretendido.
- A liberdade de associação é um direito protegido para sociedades civis, filosóficas ou fraternais, enquanto não houver indicação de uso indevido ou ilegal.
- Regras existentes já obrigam agentes públicos a declararem associações que possam gerar conflito de interesses ou comprometer a integridade ou reputação do serviço, algo diferente de uma exigência genérica de filiação a uma organização como a Maçonaria.
Refutando Críticas Comuns
Aqui estão algumas das críticas recentes — e como a Maçonaria as contesta:
Crítica | Contestação Maçônica |
---|---|
“Freemasons’ Hall” é uma relíquia estética sem relevância ou até mesmo vulgaridade, como foi alegado. | O edifício é, de fato, um memorial estilo Art Déco às maçons mortos na Primeira Guerra Mundial, simbolizando honra e sacrifício. Ele não é simplesmente um salão decorativo, mas um local com trajetória histórica e simbólica. |
Impedimento de católicos ou membros de certas religiões. | Isso é falso sob a UGLE: pessoas de todas crenças são aceitas, inclusive católicos. Essa restrição de crença não é uma política maçônica britânica. |
Uso da filiação para obtenção de vantagem profissional ou influência indevida. | O estatuto maçônico proíbe esse tipo de favorecimento. Há procedimentos disciplinares, inclusive expulsão, para quem violar essas normas. Não há evidência generalizada de manipulação institucional. |
O Papel Positivo da Maçonaria na Fortalecimento da Confiança Pública
Transparência como Metodologia
À medida que cresce a expectativa pública por responsabilidade e clareza de instituições, a Maçonaria tem buscado adaptar-se:
- Publicação de estatísticas filantrópicas, com valores e horas de voluntariado claramente reportados.
- Comunicação clara sobre seus princípios e práticas (quem pode ser membro, como são as escolhas, como se fazem as práticas de conduta).
- Disposição para diálogo com entidades externas, incluindo mídia, polícia e órgãos de direitos humanos, para esclarecer mal‑entendidos.
Benefício Social e Coesão Comunitária
A Maçonaria tem impacto social visível:
- Apoio a programas de saúde, educação, assistência social e bem‑estar.
- Ação em emergências e desastres naturais.
- Promoção de valores éticos que transcendem diferenças políticas ou confessionais — integridade, fraternidade, respeito pela lei.
Fortalecimento Democrático
Uma Instituição que defende o comportamento ético e a moralidade pessoal e pública contribui para o tecido democrático:
- Quando seus membros atuam com responsabilidade, inspiram confiança nas instituições.
- Evitam polarizações ideológicas ou partidárias dentro da fraternidade — um espaço pluralista onde discordar politicamente é possível, respeitando princípios maçônicos fundamentais.
Conclusão: Por que a Maçonaria deve Ser Respeitada e Não Criminalizada por Suposições

A Maçonaria britânica não pede favores especiais. Ela pede respeito por seus direitos — liberdade de associação, privacidade e integridade moral — assim como ela busca agir com responsabilidade, transparência e serviço ao próximo. As críticas e as propostas de declaração obrigatória podem, se mal aplicadas, conflitar com direitos fundamentais e gerar precedentes perigosos.
O que se espera, e o que a Maçonaria oferece, é um compromisso mútuo: a sociedade deve exigir conduta correta e transparência onde ela é necessária, mas sem sacrificar liberdades que são pilares de qualquer democracia. A UGLE, em seu papel institucional, demonstra estar pronta para dialogar, para corrigir imprecisões, e para reafirmar que seus valores são compatíveis com uma sociedade moderna, aberta, pluralista e exigente.
Para aprofundar sua compreensão sobre o papel da Maçonaria na sociedade britânica contemporânea e os desafios enfrentados diante das recentes propostas legislativas, veja:
- Metropolitan Police considers requiring Freemasons to declare membership – The Guardian
- Resposta oficial da UGLE às críticas da revista The Spectator – UGLE.org.uk
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